A partir de 15 Novembro, o Teatro Nacional de São Carlos promove um momento de reflexão sobre a tragédia dos dois conflitos mundiais que marcaram a atormentada história do século passado, através da apresentação de páginas musicais ligadas a estes acontecimentos.
É sabido que as profundas transformações sociais motivadas por ambos os conflitos bélicos tiveram eco também nas manifestações culturais e artísticas, que refletiram mudanças de mentalidade e deram voz a variados sofrimentos pessoais.
Após o final da Primeira Guerra Mundial, por exemplo, verificou-se uma tendência para o desaparecimento das obras de glorificação da nação e de ideologias. E, no meio do desespero dos conflitos, muitos procuraram apaziguar o seu sofrimento transformando-o em expressão musical.
Outra dimensão das consequências devastadoras das Guerras prende-se com os que perderam a vida nesses acontecimentos. Que carreiras poderiam ter tido e como falaríamos agora da obra de Magnard, Ullman, Granados, Weber, Shreker ou Stephan?
O ciclo, que no título Se non ora, quando? pretende evocar o romance homónimo do escritor Primo Levi, um sobrevivente dos campos de concentração nazis, será inaugurado com um concerto dirigido por João Paulo Santos (15 de Novembro), cujo programa reúne obras de autores ligados à Primeira Guerra Mundial e, também, a cantata De paz e de guerra de Azio Corghi, com texto de José Saramago.
Nos dias 22 e 29 de novembro, o Ciclo prossegue com obras que edificam a sua fé nas raízes culturais (Ravel e Lopes-Graça), ou outras que abordam ideais (Dallapiccola, Petrassi, Lopes-Graça e Shostakovitch) ou, outras ainda, que descrevem o terrível espetáculo da guerra (Casella). Os concertos de 22 e 29 são dirigidos por João Tiago Santos e Giovanni Andreoli, respetivamente.
“SE NON ORA, QUANDO?”: A MÚSICA PERANTE A TRAGÉDIA DAS DUAS GUERRAS
NO CENTENÁRIO DO INÍCIO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL
15 de novembro [21h] Sala Principal do TNSC
Albéric Magnard (1865-1914), Chant funèbre op. 9
Rudi Stephan (1887-1915), Musik für orchester
Alfredo Casella (1883-1947) Pagine di guerra op. 25 bis
Azio Corghi (1937), De paz e de guerra, a partir de texto de José Saramago
Edward Elgar (1857-1934), The spirit of England
Direção musical João Paulo Santos
Soprano Susana Gaspar
Orquestra Sinfónica Portuguesa
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Maestro titular do Coro Giovanni Andreoli
22 de novembro [18h] Salão Nobre do TNSC
Maurice Ravel (1875-1937) Le Tombeau de Couperin
Dmitry Shostakovich (1906-1975) arr. Rudolf Barshay (1924-2010), Sinfonia de Câmara op. 110a
Franz Schreker (1878-1934), Kammersymphonie
Direção musical João Tiago Santos
Orquestra Sinfónica Portuguesa
29 de novembro [21h] Sala Principal do TNSC
Luigi Dallapiccola (1904-1975), Canti di Prigionia
Fernando Lopes-Graça (1906-1994), Canto do livre (das Canções Heróicas), Os Homens que vão prá guerra e Portas d’Elvas, portas d’Elvas (das Canções Regionais Portuguesas)
Goffredo Petrassi (1904-2003). Coro di Morti
Direção musical Giovanni Andreoli
Instrumentistas da Orquestra Sinfónica Portuguesa
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Mais Informações:
Local: Lisboa
Morada: Lisboa
