O terceiro trimestre deste ano, embora naturalmente abrangendo os habituais meses de férias, caracterizou-se primeiramente pelo sucesso da campanha de vacinação, a qual veio trazer uma confiança acrescida na normalização da epidemia e permite relançar a esperança de voltarmos a ter a economia a funcionar, empresas a laborar e a vida diária a decorrer dentro da normalidade.

Foi também neste último trimestre que o PRR - Plano de Recuperação e Resiliência foi aprovado e começou a ser aplicado em Portugal, esperando-se que seja cumprido e contribua para a melhoria geral de muitos sectores e actividades económicas.

Claro que o endividamento em geral é preocupante, quer em termos públicos, quer no que respeita as empresas e as famílias. Apesar das varias medidas tomadas pelo Governo para fazer frente à pandemia, entre as quais se destacam as moratórias e o lay-off simplificado, há que ao retirá-las, actuar de maneira atenta para evitar consequências indesejáveis para aqueles que delas beneficiaram.

Mas, há preocupações no horizonte para as quais há que estar desperto e preparar antecipadamente estratégias que evitem o pior. Refiro-me à subida dos preços de energia, à inflação e ao previsto fecho do gasoduto que passa por Marrocos e abastece Portugal.

São três factos bem diversos, mas que podem condicionar o desenvolvimento de Portugal.

No que respeita à inflação, embora o Banco Central Europeu, através da sua Presidente, considere não ser para já motivo de alarme, quem como nós já sofreu os efeitos da inflação galopante sabe como rapidamente se pode passar de taxas insignificantes de inflação para taxas de dois dígitos, com efeitos desastrosos sobre a economia.

No que se refere ao gasoduto, a Espanha já resolveu essa importante questão com a ligação directa com a Argélia, sem passar por Marrocos e Portugal deve também providenciar no sentido de não virmos a ser prejudicados por decisões que nos são alheias e não controlamos.

Resta agora aguardar o último trimestre deste ano, em que o Orçamento do Estado vai ser um dos elementos mais determinantes da forma como poderá vir a decorrer 2022. 

Rui Leão Martinho

Jornal Económico - 29 de Outubro de 2021