"PORTUGAL E AS AGÊNCIAS DE RATING" por Rui Leão Martinho, Bastonário
Portugal acordou hoje debaixo de notícias sobre o downgrade imposto pela agência de rating Moody’s à dívida soberana. Como sempre, começaram os lamentos, criando um espírito de revolta e comoção que pode toldar o caminho que o País deve prosseguir.
É óbvio que já devíamos ter aprendido que a missão destas empresas é dar aos investidores uma notação de risco dos devedores, orientando-os nas suas decisões de investimentos. São três as agências de rating sempre citadas, as suas análises e classificações não são obrigatórias, mas os mercados acabam por serem altamente influenciados por elas.
É humano e natural classificar esta recente classificação como imoral, injusta, precipitada mas, como portugueses, devemos continuar o nosso caminho e reflectir um pouco sobre o facto das várias autoridades virem ao longo do tempo a condicionar as suas políticas àquelas avaliações.
Na verdade, até agora o Banco Central Europeu tem sujeitado a sua política de financiamento às notações das agências de rating. Como já sugeriu Mario Draghi, porque não optar por modelos próprios e adequados para formular um juízo fundamentado e apropriado sobre as decisões a tomar ou porque razão não se aproveitam as avaliações das próprias autoridades de supervisão que, na generalidade, fazem parte do Sistema Europeu de Bancos Centrais, são questões a ponderar.
Quanto a Portugal,não devemos desmoralizar ou enfraquecer as nossas forças no sentido de repor a situação económico-financeira no são. E, para isso, levando em consideração a classificação hoje conhecida,devemos prosseguir com a maior unidade possível com o objectivo de cumprir as metas a que nos obrigámos com a assinatura do memorandum com as instâncias internacionais, ultrapassar este programa de ajustamento com medidas adequadas, aproveitando uma fresta de oportunidade que temos e não podemos deixar perder.
Os portugueses estão há muito habituados a ultrapassar situações difíceis, suplantando-se e reinventando-se, pelo que embora o trilho que temos à frente seja doloroso, restritivo e duro, a esperança de sanar a economia e a relançar com maior crescimento, produtividade e competitividade deve guiar-nos com determinação.
06 Julho 2011